Friday, February 03, 2006

cinismo

e já que ele é o substantivo da vez, não tenho outra escolha senão me tornar cada vez mais cínica, e parecida com o protagonista do meu livro. lógico que depois passa, já que o próximo livro da lista é um romance DAQUELES.

mas... voltando ao cinismo.

é engraçado como as coisas cismam em acontecer na hora errada. 2006 tá uma merda. começou (quase) bem, às 5 e meia da matina (piada interna) mas já descambou. descambou tanto que eu pareço não conseguir digerir a perda de uma das pessoas mais queridas da minha vida: minha gatinha, de 16 anos e meio, que faleceu há dois dias. isso mesmo. minha gatinha era uma das PESSOAS mais queridas da minha vida. sinto a falta dela, procuro ela a todo instante para dar um beijo e sentir o delicioso cheiro de seu pescoço mas, quando lembro que ela não está mais em casa, aceito. não choro.

aí começam as pirações de 'será que minhas prioridades estão erradas?', 'será que eu devia ficar em casa sentindo a falta dela até chorar?' ou será que eu simplesmente aceito que aprendi a lidar com a morte? assim mesmo. bem cínica. minha relação com a morte sempre foi muito estranha. tinha medo de tudo. de morrer, de ver alguém morrer, de não aguentar a saudade de não ter mais alguém perto. duas mortes, e tá tudo resolvido. meu vovô querido me ensinou a sentir saudade boa e minha gatinha me ensinou a assistir à morte como parte da vida. vi ela agonizar por três horas e dar seu último suspiro no colo do meu pai e percebi que isso também faz parte da vida. me deu força. percebi que ganhei uma força que não sabia que tinha, ao ficar do lado dela. mas era preciso. por ela, e por mim. e assim ela se foi. e com ela, uma boa parte de mim que terá de ser reconstruída, com a saudade boa que eu herdei da morte do meu vô.

e a vida continua. pra ser vivida. cada vez mais vivida...

.silêncio.

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